A escravidão foi um dos períodos mais tristes e violentos da história do Brasil. Milhões de africanos foram arrancados de suas terras, trazidos à força para o país e submetidos a condições desumanas de trabalho e vida. Muitos deles fugiram das fazendas e formaram comunidades de resistência, como o famoso Quilombo dos Palmares. Outros tentaram comprar sua liberdade ou a de seus parentes, negociando com seus senhores. Mas como saber mais sobre essas histórias, se grande parte dos documentos que registravam a compra e venda de escravos foi destruída após a abolição?
A História Comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense
Uma resposta surpreendente veio de Araraquara, uma cidade do interior de São Paulo, onde foram encontradas mais de 500 páginas de escrituras que comprovam a existência de um mercado de escravos na região entre 1870 e 1887. Esses documentos estavam guardados em um cartório da cidade e foram recuperados por um projeto do Centro Afro e da 5ª Subseção da OAB/SP de Araraquara, com apoio de outras instituições. Eles foram digitalizados, transcritos e publicados em um livro que acaba de ser lançado no Sesc Araraquara: “A História Comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense”.
O livro é fruto de um projeto da Prefeitura, do Centro Afro “Mestre Jorge” e da OAB de Araraquara, que recuperou mais de 500 páginas de escrituras de compra e venda de escravizados entre 1870 e 1887, que estavam arquivadas em um cartório da cidade. Esses documentos são raros, pois em 1890 o ministro Rui Barbosa ordenou a queima de todos os registros sobre a escravidão no Brasil. A intenção era apagar os vestígios da escravidão e dificultar as reivindicações dos negros por direitos e reparação, mas também dificultou o acesso à verdade sobre as histórias das famílias negras.
As escrituras encontradas em Araraquara mostram como era a vida dos escravizados na cidade, quais eram seus nomes, idades, origens, valores, condições e destinos. Também revelam as relações entre os senhores e os escravizados, as formas de resistência e de libertação, os conflitos e as contradições da sociedade escravista. Além disso, o livro traz transcrições de documentos manuscritos à época e prefácios de especialistas no assunto.
Além das escrituras, o livro traz prefácios de instituições e pessoas comprometidas com o combate ao racismo, como a coordenadora de Políticas Étnico-Raciais de Araraquara, Alessandra Laurindo, que afirma que o livro é importante não só para Araraquara, mas para todos que estudam esse período da história. O livro também conta com a colaboração do filósofo Phablo Roberto Marchis Fachin, professor da USP, que apresenta documentos inéditos sobre o Quilombo dos Palmares, outro símbolo da luta dos negros contra a escravidão.
Outros documentos como esse, podem ser encontrados em Cartórios de Registros espalhados pelo Brasil.
O caso de Araraquara não é único. Em outras cidades do Brasil pode haver documentos semelhantes que ainda não foram descobertos ou divulgados. Por isso, é importante incentivar a busca e a preservação desses registros históricos, que podem contribuir para o conhecimento e a valorização da cultura afro-brasileira.
Essas informações são importantes para conhecermos a nossa história, a nossa origem e a nossa identidade. A escravidão deixou marcas profundas na sociedade brasileira, que ainda hoje sofre com o racismo e a desigualdade. Por isso, é fundamental resgatar e preservar a memória dos nossos antepassados, que lutaram pela liberdade e pela dignidade.
Saiba onde encontrar e adquirir o livro.
Para saber mais sobre o livro e sobre a história da escravidão em Araraquara, você pode assistir ao vídeo do canal do Youtube da Prefeitura Municipal de Araraquara, que mostra o lançamento do livro no Sesc Araraquara, também não perca a oportunidade de adquirir o livro “A História Comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense”, que está à venda no site da editora Rima. Você também pode baixar o livro digital gratuitamente no site.
O livro é uma fonte rica para pesquisadores, estudantes e interessados na história da escravidão no Brasil e em Araraquara. Também é uma forma de resgatar a memória e a dignidade dos escravizados que sofreram e lutaram por sua liberdade e por seus direitos.
Não deixe de ler essa obra que resgata uma parte importante da nossa história coletiva e individual.
